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Desde há séculos, depois dos tempos do rei D. Dinis que no
território continental e insular há minhotos, transmontanos, beirões,
alentejanos, algarvios, madeirenses e açorianos .
São as nossas raízes históricas e culturais.
Nós,
beirões de Sernancelhe não somos alentejanos, minhotos, transmontanos
ou mesmo visienses, embora tenhamos com eles afinidades e tradições.
A imigração das últimas décadas para os grandes centros urbanos de Lisboa e Porto
tem colocado em perigo toda esta diversidade de posturas e formas de estar.
Nas áreas dos grandes centros citadinos, onde hoje pernoita e vive a
grande parte da população portuguesa, perde-se todo o vestígio dos
antepassados.
O menor denominador comum da cultura urbana e
suburbana nivela pronúncias, gostos, tradições e culturas.
Ficam apenas algumas memórias, o encontro na
genealogia de um avô de Sernancelhe e de uma avó de Évora, e talvez de
uns avos de umas heranças lá por trás-os-Montes.
Há quem ache interessante, e até mesmo culturalmente discutindo, que é
muito bom a uniformização linguística, cultural, social, e até dos
hábitos.
Tal uniformização representa, todavia, um empobrecimento
linguístico, cultural, religioso, social, e mesmo dos hábitos. A riqueza
está na diversidade.
Por conseguinte, vale a pena perguntar que o significa
sermos beirões de Sernancelhe.
Fará sentido falar neles? Terão algum
significado na designação sem ter associado a terra do granito ou das
castanhas?
Ou o seu património cultural é obra passado, como do passado é a
designação de cristãos novos e cristãos velhos?
A resposta não pode ser simplesmente de conjuntura subjectiva, que por
Sernancelhe há quem se sinta e quem não se sinta ser Sernancelhense.
Há dados objectivos, há a pronúncia, falamos de modo diferente, mesmo
de aldeia para aldeia, utilizamos outros termos, somos mais religiosos
que os do Alentejo, gostamos menos dos folclores e cânticos destes, os
nossos cantares e dançares são outros, possuímos pequenas propriedades
rurais e eles os grandes latifúndios, possuímos serras e eles
planícies, o clima a flora e fauna são diferentes, somos mais
introvertidos, mais activos, e mais audazes que eles.
Esta é a
realidade, e todavia se alguém se sente identificado com isto, óptimo.
Haverá sempre alguém, que não se sinta inserido com as suas
raízes.
Porém, o que interessa para nós que queremos prestigiar
Sernancelhe, é apontar todas as raízes de identidade.
Esta diversidade de distritos, vilas e aldeias existe e cultiva-se.
É importante descobrir e tratar a forma de cultivar as especificidades
culturais de todas as nossas aldeias, que sempre nos caracterizaram. |
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